sábado, dezembro 20, 2008

Nelson Évora

"Nelson Évora já tem um lugar garantido na história do desporto nacional. Afinal, até agora só outros três atletas tinham conseguido trazer para Portugal uma medalha de ouro olímpica. Se os seus méritos desportivos são inquestionáveis, já a sua bondade não deixa de surpreender.
Antes de partir para Pequim, o atleta português nascido na Costa do Marfim competiu em Espanha, onde o seu rival cubano na conquista das medalhas dos Jogos Olímpicos, revelou problemas físicos por não ter palmilhas. Nelson Évora prometeu-lhe então que trataria de resolver o problema. E assim o fez. Já em Pequim ofereceu ao cubano as palmilhas que lhe permitiriam saltar sem problemas. Durante a competição o atleta de Fidel Castro chegou a estar à frente na luta pelas medalhas.

«O cubano estava sem equipa de fisioterapia para o apoiar e sem conseguir saltar. Disse-lhe que lhe fazia chegar umas palmilhas para ver se ele conseguia saltar nos olímpicos. Quatro dias antes da qualificação recebi as palmilhas e dei-lhas. Pôde treinar com elas e ficou em quarto lugar. O desporto é assim: dentro da pista tentamos ser os melhores e fora da pista temos de ser uns para os outros. É o espírito desportivo, o espírito olímpico», confessa Nelson ao SOL.
Num mundo onde ganhar a todo o custo é regra, é bom saber que há quem tenha valores e que não põe a glória à frente de tudo. A solidariedade demonstrada por Nelson Évora revela um grande campeão. Que não tem medo da concorrência, que prefere lutar com os seus adversários a vê-los ficar de fora por não terem umas simples palmilhas. Atingir o ponto mais alto da montanha, como o atleta descreve a conquista da medalha de ouro, tem outro sabor quando todos partem em igualdade.
Os melhores não precisam de jogar sujo para vencer. Se Nelson Évora é um exemplo para a juventude pelas suas vitórias, estou em crer que mais o será pela sua atitude. Está duplamente de parabéns."

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