terça-feira, julho 03, 2007

À espreita de um ensaio...

O relógio marca 21h35. Estamos numa sala ampla. Cadeiras amontoadas. Estojos abertos, espalhados um pouco por todo o lado. Vazios. Os músicos entram e saem. A porta é convidativa, apesar da chuva e do frio que se faz sentir lá fora, permanece aberta. A música de fundo está, por agora, a cargo da Escola de Música da Banda Musical de Oliveira. Ouvem-se conversas, risos e gargalhadas. Gradualmente começa a fazer-se silêncio, os músicos param de tocar, uns levantam-se, outros sentam-se. As conversas são temporariamente interrompidas. Está tudo a postos. Silêncio. O maestro, figura negra e esguia, de braços erguidos, dá início ao ensaio da Banda Musical de Oliveira. São 21h50 e é hora do “Juízo Final” (Camile de Nordis). Sons ora graves, ora agudos, compõem melodias que nos transportam para lugares longínquos, sítios nunca antes visitados, sentimentos recônditos ou emoções tão bem guardadas. A música é isto mesmo. Desperta sensações e tem sempre uma história para nos contar.

O director artístico da banda, Alberto Castro Bastos, afirma que a sua grande preocupação é “incutir valores importantes nos jovens” e dá como exemplo a amizade. Há, de facto, uma grande preocupação cultural na banda. O maestro diz ainda, que procura não só “ensinar música”, mas também “tornar os jovens culturalmente mais ricos”. E como? (queremos nós saber). O maestro explica: Se por exemplo tocarmos uma música do Santana, vamos primeiro saber quem era, quais os seus valores, e são esses valores que vamos procurar incutir nos jovens”. A Banda Musical de Oliveira (B.M.O) é maioritariamente composta por jovens. Alexandrina Saramago, membro da banda há 3 anos e com apenas 15 anos, confessa a sua paixão pela música e afirma claramente que se sente “motivada” a continuar a sua carreira musical na Banda de Oliveira. A noite já vai longa mas o entusiasmo e a boa disposição dos músicos mantém-se. É hora de fazer uma pequena pausa. De batuta em riste o maestro dá indicações.

Mudança de pautas. Está na hora de fazer uma visita ao “Inferno” com C.S. Fiorenzo. Alguma confusão na leitura à primeira vista mas terminam todos ao mesmo tempo e no maior potencial. A calma restabelece-se com “A Pérola” de Ângelo Moreira. A banda está de parabéns no próximo dia 28 de Abril, e é com grande orgulho que Laurindo Barbosa, vice-presidente da direcção, se refere aos 225 anos da banda: “O nosso objectivo actual é mostrar ao país inteiro que em 225 anos estivemos sempre no activo”. Mais uma pausa. Tiram-se dúvidas. Mas logo se recomeça o ensaio. Ouvem-se vozes vindas da rua. A faixa alusiva ao aniversário da banda está agora a ser colocada na fachada da sede. A chuva cai de mansinho como que embalada ao som da música. Já chove menos, o ensaio também já está a terminar ao som de Santana num arranjo de Giancaulo Gazzani.
Até ao próximo ensaio.

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