terça-feira, outubro 23, 2007

O Oboé nas Filarmónicas

"Quando comecei a estudar oboé não era muito comum este instrumento nas filarmónicas. Graças à minha família que já tinha algum conhecimento musical, eu decidi por mim estudar oboé e não clarinete, trompete, etc, os instrumentos que as filarmónicas incutem sempre aos aprendizes. Também é verdade que a nível proporcional há muita mais gente a querer tocar clarinete, trompete, etc, do que oboé, derivado de uma má informação e mesmo em algumas filarmónicas uma ignorância musical, neste caso instrumental.

Se pensarmos bem, muitas das obras que se tocam nas filarmónicas são transcrições de orquestra, por exemplo: 1812, Príncipe Igor, Força do Destino, Capricho Italiano, Guilherme Tell etc. Mesmo as obras escritas para sopros como por exemplo: Fate of the Gods, Cassiopeia, Ross Roy, Paisagen Ribatejana, Arco Íris, etc, todas têm solos e intervenções importantíssimas que têm de ser feitas pelo oboé porque se não, não faz sentido nenhum, estamos a tirar todo o brilhantismo da obra!

O oboé numa filarmónica é igualmente importante como o primeiro clarinete solo ou o primeiro trompete solo ou como qualquer outro instrumento. Na minha opinião, uma Filarmónica tem de ter, no mínimo, para executar as obras de grande dificuldade e mesmo as de menor, 2 oboés, 1 flautim solo, 1 requinta, 2 fagotes, 1 clarinete-baixo , 4 trompas, 2 feliscornes, 1 trombone baixo, 2 tímpanos de concerto, 1 marimba, carrilhão de sinos e Glokenspiel (Lira... espero não me ter esquecido de mais algum.

Alguns destes instrumentos são muitas vezes esquecidos, o que leva que muitas das obras não sejam tocadas com a instrumentação original, sendo bastante mau para quem ouve e também para o resultado final de cada obra.


Penso que este é o melhor caminho para que todas as filarmónicas possam evoluir e consequentemente termos melhor qualidade. Aquelas que vivem mal informadas e que contêm alguma ignorância musical ficam para tráz e não saem do mesmo patamar.

Era bom para o bem de todos e para a música filarmónica que os músicos, maestros, directores, e público em geral pensassem nisto".

Samuel Bastos, oboísta

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